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Atelier Popular de Arte da Maré apresenta sua primeira exposição

  • Foto do escritor: contatoekloos
    contatoekloos
  • há 21 horas
  • 6 min de leitura

Texto e foto de capa por Ana Cristina da Silva, publicado originalmente no Jornal O Cidadão 


No início do ano, o Museu da Maré deu início a um projeto para produzir o segundo volume do livro Contos e Lendas da Maré. A troca criativa dentro das oficinas deu tão certo que resultou na criação do Atelier Popular de Arte da Maré, em maio deste ano. Com oficinas de gravura em relevo, artesanato e scrapbook, o projeto reuniu obras de diferentes cores, técnicas e formatos, produzidas por mais de 10 artistas que hoje têm seus nomes assinados na galeria do Museu, na primeira exposição do atelier, inaugurada dia 11 de outubro.


SURGIMENTO DO ATELIER POPULAR DE ARTE DA MARÉ


Tudo começou com um projeto voltado para a produção do livro Contos e Lendas da Maré 2, que realizou 3 oficinas com os participantes: pesquisa de campo, escrita criativa e gravura em relevo. Voltada para a criação de ilustrações dos novos contos, a oficina de gravura se destacou entre os alunos. Segundo a artista e coordenadora do projeto, Ítala Isis, no decorrer das aulas observou-se o interesse de outras pessoas para aprender mais sobre gravuras, fazendo com que essa oficina se tornasse algo para além do Contos e Lendas da Maré:


“A gente resolveu que a oficina de gravura ia receber novas inscrições para além das pessoas que já estavam no projeto, novas inscrições só para quem quisesse fazer gravura. (…) Quando a oficina começou, os contos ainda não estavam fechados, a gente resolveu construir essa metodologia de produção das imagens tendo como referência as imagens, as obras, as fotos, as peças do acervo do Museu. Então, começou a se levantar uma série de gravuras que não eram exatamente para o livro”.— Ítala Isis

A artista Ítala Isis produziu um mural que também atuou como cenário durante sua performance artística na inauguração da exposição. Foto: Ana Cristina da Silva.
A artista Ítala Isis produziu um mural que também atuou como cenário durante sua performance artística na inauguração da exposição. Foto: Ana Cristina da Silva.

Firmando um espaço para essa atuação dentro do Museu da Maré, a troca entre os integrantes incitou a possibilidade de algo ainda maior: um atelier. Assim, após a abertura de inscrições, em maio surgiu o Atelier Popular de Arte da Maré. Sua proposta é oferecer oficinas temporárias e gratuitas, como a oficina de gravura e scrapbook que já encerraram. Atualmente, o espaço segue com as oficinas de artesanato e desenho experimental, mas se mantém aberto para qualquer um que deseje desenvolver trabalhos artísticos. “Quando veio a oportunidade da gente levantar a ideia de um atelier popular aqui na Maré, coisa que não tinha, a gente ficou muito feliz. E tivemos a grande sorte de ter artistas com tanto talento envolvido, para que isso possa perdurar”, diz Flávio Vidaurre, cenógrafo e coordenador do projeto Entre Lugares Maré e integrante do atelier.

Conforme os trabalhos de pintura, bordado e gravuras foram acontecendo, um espaço na grade de exposições temporárias do Museu da Maré abriu uma nova oportunidade para o grupo de artistas: expor seus trabalhos na galeria do Museu. A princípio, a exposição seria inaugurada em setembro, mas com a proposta da primeira edição do festival Sou Maré, a data de abertura mudou para 11 de outubro, acontecendo em conjunto com o festival.


“A princípio, seria inaugurado dia 11 de setembro só com as gravuras, para dar tempo. Quando jogaram para o dia 11 de outubro, aí eu pensei no atelier, porque aí envolveria outras oficinas, envolveria a ocupação de um espaço maior. Isso tem a ver também com uma ideia de ampliar o conceito da arte contemporânea, que é pensar a gravura para além do papel, com outras possibilidades. Então, como teve mais tempo, a gente conseguiu fazer, a galera super topou”.— Ítala Isis

As gravuras na exposição são acompanhadas de pequenos trechos do livro Contos e Lendas da Maré 2, que ainda será publicado. Foto: Ana Cristina da Silva.
As gravuras na exposição são acompanhadas de pequenos trechos do livro Contos e Lendas da Maré 2, que ainda será publicado. Foto: Ana Cristina da Silva.

A EXPOSIÇÃO

Inaugurada na tarde de um sábado, a exposição apresenta uma parede repleta de quadros que exibem as gravuras feitas pelas alunas e aluno do projeto Contos e Lendas da Maré, onde é possível observar pequenos trechos de seus contos. Há ainda um espaço de exposição dedicado aos trabalhos produzidos pelo cenógrafo Flávio Vidaurre, como as estatuetas da premiação do festival de cenas curtas do Entre Lugares Maré e demais adereços e peças de cenários vistos em espetáculos teatrais no Museu da Maré.

Para Maria Isabelle, também conhecida como Bella Barbosa, ingressar como aluna no atelier foi muito além do que simplesmente aprender sobre gravuras, foi sobre ganhar confiança e se cercar de boas pessoas:


“Eu acho que foi um lugar bem acolhedor para quem nunca tinha escutado falar sobre isso. Eu acho que o Museu abre a mente das pessoas e consegue expandir sobre assuntos que não são comuns. Cultura, infelizmente, não é muito conversado, não é valorizado, digamos assim, nas favelas, e isso é muito importante. Então, o Museu é um lugar que acolhe, que fala: ‘você consegue, você é capaz’, porque era a mesma coisa comigo. A única coisa que eu fiz que eu falei: ‘meu Deus, eu sei desenhar’, foi a minha árvore e a figueira. Só que eu acho que em todo o momento no atelier, todo momento das aulas da Adriana (Kairos), da Jullie e da Ítala, foram momentos maravilhosos de você conversar. E era assim, terapia, né? Porque a gente fazia os desenhos conversando, falando sobre a vida, todo mundo aqui era uma rede de apoio pra todo mundo. Segunda e quarta era ponto certo do curso e já era aquela animação”.— Bella Barbosa

Bella Barbosa ao lado de uma das suas obras na exposição. Foto: Ana Cristina da Silva.
Bella Barbosa ao lado de uma das suas obras na exposição. Foto: Ana Cristina da Silva.

Do outro lado, na parede oposta aos quadros de gravuras, as obras de Jullie Souza, Milena Vital, Marcia Santiago e Anne Loise, orientadoras do projeto, se destacam pela estética através de pinturas e esculturas. “Foi uma montagem muito corrida, mas a gente conseguiu fazer uma narrativa muito bonita, que conta com muito afeto as nossas histórias em território. Eu sou artista autônoma, e essa experiência para mim está sendo muito legal, a ponto de agora eu querer fazer uma faculdade de gravura”, conta Milena Vital.


“Estou como professora no atelier, junto com a Márcia, e desenvolvendo esses trabalhos com essas alunas que chegaram de pouquinho em pouquinho e a gente criou uma rede muito rica, muito importante e muito afetiva também. Eu acho que o atelier fica nesse lugar, para mim, de afeto. Sobre a exposição em si, eu me senti muito acolhida em vir para o ateliê e estar todo mundo surtando junto. (…) É a primeira vez que eu faço uma exposição. Então é uma experiência que está sendo muito ‘uau’, eu não tenho nem palavras, fico muito emocionada. Desenvolvi esse trabalho que é muito significativo para mim, sobre a minha família, sobre essas memórias da minha família, sobre essas fotos, então, assim… é pensar nessas mulheres que me criaram, minha avó, minha bisavó, que já são falecidas, minha mãe também. Então, estar nesse lugar e poder estar expondo a minha arte através do que eu aprendi com essas mulheres é muito significante para mim e muito importante”.— Anne Loise

Em suas obras, Anne Loise retratou com muito carinho as mulheres de sua família. Foto: Ana Cristina da Silva.
Em suas obras, Anne Loise retratou com muito carinho as mulheres de sua família. Foto: Ana Cristina da Silva.

No final da exposição é possível encontrar um grande mural produzido manualmente por Ítala Isis. No dia da inauguração, a obra também atuou como cenário para uma performance produzida e encenada por ela. Intitulada “Outra Coisa”, a performance integra a série “Repetição e Diferença”, onde Ítala atua em parceria com diferentes artistas, trazendo o resultado de suas pesquisas. “Nessa performance eu fiz uma parceria com o artista Jamie Duncan, onde eu faço a repetição de um poema meu, buscando diversas possibilidades de fala e movimento. Isso se repete na expressão gráfica, que é do mural, e se repete numa intervenção sonora, que é o que ele faz”, conta a artista.


Parte da obra de Márcia Santiago. Foto: Ana Cristina da Silva.
Parte da obra de Márcia Santiago. Foto: Ana Cristina da Silva.

A exposição do Atelier Popular de Arte da Maré estará disponível para visitação no Museu da Maré até o dia 19 de novembro. As visitas podem ser realizadas de terça a sexta, de 9h30 a 13h e de 14h a 15h30.

O Museu da Maré fica localizado na Avenida Guilherme Maxwell, 26 – Maré.






 
 
 

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