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Fórum Favela Universidade lança catálogos com centenas de produções acadêmicas sobre a Maré e Manguinhos

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    contatoekloos
  • há 3 dias
  • 5 min de leitura
Texto e foto de capa por Ana Cristina da Silva
Texto e foto de capa por Ana Cristina da Silva

Publicado originalmente no Jornal O Cidadão


Após anos de encontros e debates acerca da relação das favelas com a Academia, o Fórum Favela Universidade lançou no dia 24 de setembro, no Espaço Casa Viva, em Manguinhos, dois catálogos inéditos que reúnem mais de 300 trabalhos bibliográficos sobre o território da Maré e de Manguinhos. Disponibilizados no formato impresso e futuramente no digital, o objetivo desses catálogos é preservar a memória dos territórios de favela e valorizar e incentivar novas produções acadêmicas destes locais.



Composto por integrantes de coletivos da Maré e de Manguinhos, com apoio e participação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Fórum Favela Universidade surgiu no final de 2018 e desde então atua promovendo encontros e debates com estudantes e egressos de instituições de ensino superior e pré-vestibulares comunitários. A troca de saberes e as reflexões coletivas foram o que culminaram na ideia de elaboração dos catálogos.

Os catálogos foram lançados oficialmente no dia 24 de setembro, no Espaço Casa Viva, em Manguinhos. Foto: Ana Cristina da Silva.
Os catálogos foram lançados oficialmente no dia 24 de setembro, no Espaço Casa Viva, em Manguinhos. Foto: Ana Cristina da Silva.

Para uma melhor apresentação do conteúdo, o evento de lançamento contou com uma mesa de debate composta por 3 colaboradores: André Lima, Doutor em História das Ciências e da Saúde (COC/Fiocruz), Luiz Lourenço, geógrafo e educador, e Antônio Carlos Vieira, pesquisador e fundador do CEASM e Museu da Maré.


Sendo o primeiro a se apresentar, André Lima falou sobre a importância dos catálogos como ferramenta de difusão do conhecimento. Dispostos em formato de livros, cada catálogo apresenta uma breve história e contextualização de seus respectivos territórios e em seguida entrega ao leitor as diferentes produções acadêmicas, como monografias, especializações, teses e dissertações que se desenvolvem a partir de histórias e vivências dentro dessas comunidades.


“Para a gente produzir conhecimento sobre Manguinhos na universidade, a gente precisa conhecer o que foi feito, o que os cientistas de fora têm escrito sobre o nosso território, sobre a nossa favela. É nesse sentido que eu queria chamar a atenção de vocês (…) Eu acho que esse livro é uma oportunidade. Não precisa estar na universidade para se apropriar do que está aqui colocado”. — André Lima.
“Se estamos escrevendo, publicando, é porque nós fomos transformados pela educação”, em breve fala, Elizabeth Campos, Coordenadora do Espaço Casa Viva da Rede CCAP, parabenizou a iniciativa. Foto: Ana Cristina da Silva.
“Se estamos escrevendo, publicando, é porque nós fomos transformados pela educação”, em breve fala, Elizabeth Campos, Coordenadora do Espaço Casa Viva da Rede CCAP, parabenizou a iniciativa. Foto: Ana Cristina da Silva.

Durante o processo de pesquisa e desenvolvimento dos livros, foram identificados e catalogados 586 trabalhos bibliográficos sobre o território da Maré e 220 sobre o território de Manguinhos. No entanto, para que os livros não ficassem muito grandes a equipe optou por não incluir os artigos acadêmicos.

Tanto no catálogo de Manguinhos quanto no da Maré, cada página apresenta um trabalho bibliográfico contendo informações básicas como: nome do autor, título e data da publicação, instituição, área de conhecimento, referência temática e resumo. Ao ler estas informações, caso o leitor se interesse, é possível acessar o trabalho completo ao escanear o QR Code disposto na página. Para Luiz Lourenço a ideia dos catálogos é facilitar a pesquisa de outros moradores: “Algumas informações podem parecer coisas simples, mas ajudam muito na hora do processo de pesquisa e de produção de conhecimento. Sobretudo, porque esse catálogo é voltado para a periferia. E nós devemos facilitar cada vez mais a entrada, permanência e produção do conhecimento nos territórios de favela”.

Durante a mesa, o geógrafo ainda destacou algumas funções para os catálogos, como a preservação da memória acadêmica dos territórios em questão, assim como a valorização destes trabalhos. Atuando também como fortalecimento das redes de pesquisa e do vínculo entre universidade e favela.

Nos livros é possível encontrar trabalhos de diferentes áreas, como educação, saúde, comunicação, história, geografia, planejamento urbano, arquitetura, música e outros.


Da esquerda para a direita: André Lima, Luiz Lourenço e Antônio Carlos Vieira falaram sobre a importância dos catálogos. Foto: Ana Cristina da Silva.
Da esquerda para a direita: André Lima, Luiz Lourenço e Antônio Carlos Vieira falaram sobre a importância dos catálogos. Foto: Ana Cristina da Silva.
“Você tem aí uma série de trabalhos de múltiplos ângulos, como acabei de mostrar para vocês, que servem para que a gente possa gerar análises sobre os nossos territórios, pode gerar materiais para serem usados nas escolas, nos pré-vestibulares, nos grupos de pesquisa, nos movimentos sociais, nas universidades, ou seja, são trabalhos que têm entrado em várias situações possíveis de produção do conhecimento, seja no âmbito acadêmico, seja no conhecimento de outras instâncias, como no ensino básico, por exemplo, ou nas lutas políticas, na existência dos movimentos sociais. Então, os catálogos, eles nos ajudam de muitas formas possíveis”.Luiz Lourenço.

Por sua vez, Antônio Carlos Vieira declarou que enxergava os catálogos como uma continuação de um trabalho que já havia sido iniciado, comentando então que dois outros trabalhos serviram de inspiração para os catálogos do Fórum Favela Universidade: Pensando as Favelas do Rio de Janeiro, de Lícia do Prado Valladares e Lídia Medeiros e Complexo do Alemão: uma bibliografia comentada, de Alan Brum Pinheiro, Pablo Cesar Benneti, Eugênia Motta e Thiago Matiolli. Com estes trabalhos em mente, foi possível se pensar em um maior aprofundamento. “A gente sabe que existe uma produção grande sobre a Maré, e Manguinhos também, pela importância que tem. Seja uma importância geográfica, uma importância de proximidade com instituições de educação, de pesquisa. Então, esse trabalho tinha que ser um trabalho mais específico”.


Legenda: Da esquerda para a direita: Taisa Falcão, do projeto Tecendo Diálogos, José Leonídio, coordenador da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz e Renata Soares, Assessora Especial da Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ também participaram da mesa. Foto: Ana Cristina da Silva.
Legenda: Da esquerda para a direita: Taisa Falcão, do projeto Tecendo Diálogos, José Leonídio, coordenador da Cooperação Social da Presidência da Fiocruz e Renata Soares, Assessora Especial da Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ também participaram da mesa. Foto: Ana Cristina da Silva.

Para além dos trabalhos, os catálogos também apresentam alguns dados. No levantamento bibliográfico da Maré, por exemplo, é informado que dos 586 trabalhos encontrados, a área mais abordada era a da educação. Enquanto nos trabalhos sobre Manguinhos a liderança ficava por conta da área da saúde.


“Eu acho que esse trabalho é um trabalho muito importante, porque ele mostra que a produção sobre favelas é fundamental. Se a gente pegar as primeiras produções sobre favelas, ainda no final do século XIX ou no início do século XX, quando você tinha ali a grande questão habitacional, quando você tinha a construção do estigma da favela, principalmente pelos jornais de época ou jornalistas, como Mattos Pimenta, da época de 1920. Diziam que as favelas eram anti-higiênicas, antiestéticas, antissociais, que eram o câncer da cidade. E hoje nós estamos produzindo e mostrando o que a favela é capaz de produzir através de seus intelectuais orgânicos, que vão se formando, que vão gerando transformação para a sociedade como um todo”. — Antônio Carlos Vieira.

Ao final do evento de lançamento, todas as pessoas presentes receberam as versões físicas do Fórum Favela Universidade – Maré e do Fórum Favela Universidade – Manguinhos, garantindo o autógrafo dos colaboradores André Lima, Luiz Lourenço e Antônio Carlos Vieira que também informaram sobre a possibilidade de produção de novos catálogos sobre outras favelas do Rio.


 
 
 

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