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Além do palco: a força por trás da 12ª edição do festival de teatro Maré em Cena

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    contatoekloos
  • há 5 dias
  • 4 min de leitura
Texto e foto de capa por Ana Cristina da Silva
Texto e foto de capa por Ana Cristina da Silva

Publicado originalmente no Jornal O Cidadão


Nos dois últimos dias de agosto, o Projeto Entre Lugares Maré realizou a 12ª edição do Festival de Cenas Curtas Maré em Cena. Ao todo foram 14 cenas concorrentes que passaram pelos olhos atentos de 8 jurados. Realizado no Museu da Maré, o festival já é bem popular no território e costuma atrair um vasto público que aplaude de pé o trabalho ali apresentado. Como nos anos anteriores o Jornal O Cidadão apresentou a potência dos alunos do projeto, este ano dedicamos esta matéria para a ficha técnica que — sendo responsável pelo cenário, iluminação, som, produção e organização — faz um brilhante trabalho, tornando possível a realização deste evento tão querido no cenário cultural da comunidade.


Cena de comédia “O Dote ou o Veneno Colorido” arrancou risadas do público. Foto: Ana Cristina da Silva. 
Cena de comédia “O Dote ou o Veneno Colorido” arrancou risadas do público. Foto: Ana Cristina da Silva. 

Mas afinal, o que é o Entre Lugares Maré?


Já faz tempo que o festival do Entre Lugares atrai um público vasto. Entre eles, um público fiel composto por moradores da região, admiradores já renomados na área das Artes Cênicas, e até mesmo representantes de órgãos públicos. Na 12ª edição, por exemplo, estiveram presentes Mariângela Andrade, diretora de Educação e Formação Artística do Ministério da Cultura (MinC) e Eduardo Nascimento, Coordenador do Escritório Ministério da Cultura no Rio de Janeiro.

Para aqueles que ainda não conhecem, o Entre Lugares Maré é um projeto iniciado em 2012 no Conjunto de Favelas da Maré. Oferecendo oficinas gratuitas, o projeto já atendeu inúmeros jovens e adultos com aulas de teatro, dança, dramaturgia e criação artística.

Muito mais que um simples projeto, o Entre Lugares se tornou o berço de muitos atores, tendo formado a Cia Cria do Beco, responsável pelo espetáculo Nem Todo Filho Vinga, e o Coletivo Corte que apresenta a esquete Querô, uma reportagem maldita, ambos vencedores na categoria de Melhor Esquete do Festival de Teatro Universitário (FESTU).

O projeto recebe novos alunos todos os anos, mas também mantém por perto os veteranos. A cada ano eles trabalham uma montagem de espetáculo, como Invencíveis, a peça-filme de 2021 que rendeu ao elenco o troféu Manoela Pinto Guimarães na categoria Jovens Talentos, no 16º Prêmio APTR de Teatro.


Participantes do Maré Em CriAção iluminaram o palco, com muito canto e dança na apresentação. Foto: Ana Cristina da Silva.
Participantes do Maré Em CriAção iluminaram o palco, com muito canto e dança na apresentação. Foto: Ana Cristina da Silva.

No início de 2024, o Entre Lugares Maré abriu as portas para uma nova turma: o Entre Lugares Maré Em CriAção, voltado para pessoas neurodivergentes e também PCDs. Este ano foi a segunda participação da turma no Festival de Cenas Curtas Maré em Cena que, por sua vez, é realizado desde 2013 na favela da Maré.


12º Festival de Cenas Curtas Maré em Cena

Diferente das edições anteriores, que traziam todas as cenas e a premiação em um único dia, o festival deste ano foi estrategicamente dividido. Sendo apresentado a partir das 18h no sábado e domingo, a proposta dessa mudança era tornar o evento mais tranquilo, tanto para a equipe do Entre Lugares quanto para o público.

Dougg Colarés marcou presença pela segunda vez, prestigiando o teatro periférico. Foto: Ana Cristina da Silva. 
Dougg Colarés marcou presença pela segunda vez, prestigiando o teatro periférico. Foto: Ana Cristina da Silva. 

Estando presente no primeiro dia do festival, nossa equipe realizou entrevistas com algumas pessoas que prestigiaram o evento, como Dougg Colarés. Sendo sua segunda vez no festival, Dougg, que também é jornalista e atriz, conta que conheceu o Entre Lugares pelas redes sociais.

“Como artista da cena, acho que é muito importante a gente não só consumir o teatro que é feito na Zona Sul, os grandes centros, mas também os que são feitos em periferias, favelas e especialmente o Entre Lugares. Acho que é um espaço muito grande de diversidade, tanto de linguagem como também de corpos, existências, e isso é o que me chama muito a atenção nesse festival”.— Dougg Colarés.

Na cena Yin e Yang não se fala nenhuma frase e os artistas “comunicam” em seus movimentos e interação. Foto: Ana Cristina da Silva. 
Na cena Yin e Yang não se fala nenhuma frase e os artistas “comunicam” em seus movimentos e interação. Foto: Ana Cristina da Silva. 

Para ela, um dos grandes destaques do primeiro dia de festival foi a cena Yin e Yang, estrelada por João Emanuel e Mary Jane Cowzynski. “Ela (cena Yin e Yang) tem um trabalho muito bonito com o teatro de sombras, que privilegia menos a palavra oral, mas está ali, a palavra está no corpo, na experiência das pessoas artistas em cena”, diz Dougg.

Para Jessica Periard não foi muito diferente, a moradora da Penha já havia frequentado uma outra edição do festival, retornando este ano a convite de uma amiga. No entanto, acabou levando Jorge Mendes e Jaqueline Periard, seus pais. Sobre o festival, Jessica destacou a evolução de uma edição para a outra:

“Eu acho que pra mim o melhor foi como evoluiu, sabe? A maneira como as engrenagens se conectaram e evoluíram muito, porque quando eu vim era bom, mas eu não sei o que aconteceu… parece que envolveu muito mais a plateia desse jeito, sabe? Eu me senti lá dentro com as pessoas. Então tudo isso foi incrível pra mim, foi uma experiência única”.

Da esquerda para a direita: Jorge, Jessica e Jaqueline. Foto: Ana Cristina da Silva.
Da esquerda para a direita: Jorge, Jessica e Jaqueline. Foto: Ana Cristina da Silva.

Para seus pais, a 12ª edição do festival foi a primeira experiência, como conta Jaqueline: “Eu achei maravilhoso. Essa foi a primeira vez. Quando ela me convidou, eu fiquei meio assim, porque é distante (…) Mas aí chegou na hora até que viemos, mas gostei pra caramba”. Questionadas sobre a cena favorita do primeiro dia, mãe e filha concordaram: Fio Vermelho, das atrizes Pérola Canuto, Andryelle Lima e Mafe. “Esse tocou em mim, eu chorei horrores”, conta Jessica.


A cena Fio Vermelho dispensou cenário, trabalhando luz, figurino e texto para contar uma história de amor e separação. Foto: Ana Cristina da Silva. 
A cena Fio Vermelho dispensou cenário, trabalhando luz, figurino e texto para contar uma história de amor e separação. Foto: Ana Cristina da Silva. 

Quem faz acontecer

Não é segredo para ninguém que o festival é um sucesso, as fotos que registram o público de cada edição comprovam isso. É claro que essa popularidade se deve ao talento dos atores que se dividem para apresentar as cenas, mas o elemento X desse grande evento está no trabalho coletivo do projeto. Com uma ficha técnica composta por moradores da Maré que começaram como alunos, fica nítido que o Entre Lugares não forma apenas atores, mas também profissionais de diferentes áreas de atuação.

 
 
 

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