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Grupo da Universidade Humboldt visita Museu e CEASM

No dia 24 de março, o CEASM e Museu da Maré receberam a visita de um grupo de pesquisadores do Rio e Alemanha, da área de Teoria Política. O grupo foi composto pelo professor de Teoria Política Christian Volk, da Universidade Humboldt; doutorandos em Teoria Política Daniel Stäemmler, Danniel Gobbi e Laura Gorriahn, também da Uiversidade Humboldt; e doutorandas em Direito da PUC-Rio Glenda Vicenzi e Mariana Caldas. O pesquisador Daniel Gobbi realizou a tradução na visita guiada junto ao colaborador do Museu Ole Joe. A exposição de longa duração 12 Tempos da Maré, no Museu, possibilitou conhecerem melhor a história do bairro e, através desta, a própria cultura brasileira.


A visita foi fruto de conversas prévias, incluindo um seminário no qual o CEASM participou no dia anterior: o Seminário Internacional Esferas da Cidadania, realizado na PUC-Rio, com a participação de representantes de movimentos sociais do Rio de Janeiro, além do professor Christian Volk e da professora Bethania Assy, da PUC-Rio. Assy apresentou o projeto Esferas da Cidadania no Rio de Janeiro e Berlin: Direitos, Fronteiras, Agência. O diretor do CEASM fez uma participação no Semináro no dia 23, na Roda de Conversa com Movimentos Sociais, junto a Roberto Azevedo, da ocupação Menino Benjamin Filho, e as representantes do grupo Conexão G Mariah Rafaela Silva e Gilmara Cunha.

Contato próximo com a cultura mareense

Na visita guiada do Museu da Maré, apresentada por Luiz Antonio de Oliveira, o grupo pôde entender melhor sobre a origem do Museu da Maré e sua construção coletiva e colaborativa desde seu início. Eles puderam conhecer a história de ocupação humana da Maré pelas fotografias do Tempo da Água e pela réplica da casa da palafita presente na exposição. Lá dentro, foi explicado que a decoração da casa contou com as referências levadas por três ex-moradoras de palafitas. O histórico de luta e auto-organização dos moradores foi destacado na parte do Tempo da Resistência, e o diretor do CEASM ressaltou: "Os tempos do Museu não estão finalizados, eles são renovados".

Foto 1: O Tempo da Casa permite conhecer a história de autoconstrução do bairro. Foto: Ângelo Alves.

Foto 2: Na réplica de Casa de Palafita estão presentes objetos que eram utilizados décadas atrás. Foto: Ângelo Alves.

Foto 3: Grupo assistiu ao curta O Casamento na Palafita, gravado no Museu. Foto: Ângelo Alves.


Em vários momentos o grupo pôde identificar na exposição fatos já mencionados no evento do dia anterior. Para além da história e cultura mareense, os estudantes e professor puderam acessar elementos da cultura brasileira em tempos como da Fé e da Feira, onde o grupo fez uma pausa para assistir ao curta O Casamento na Palafita, realizado pelos contadores de história do Museu. A visita finalizou na homenagem a Marielle Franco, quando foi contada a história da relação da vereadora com o CEASM e a Maré.


Após conhecer o Museu, o grupo subiu para o espaço do CEASM, onde pôde ver de perto o trabalho dos projetos de educação e comunicação da instituição. Com os depoimentos, ainda, do coordenador do Preparatório JB Henrique, o grupo de professor e estudantes demonstrou muito interesse nos números do Preparatório e CPV e no projeto político de emancipação que caracteriza os dois projetos.

Foto 4: O Tempo da Criança apresenta uma infância na vida comunitária da Maré. Foto: Ângelo Alves.

Foto 5: O final da exposição é composto pela porta do gabinete de Marielle Franco. Foto: Ângelo Alves.

Foto 6: O último ponto da visita foi o CEASM, onde o grupo parou para conversar melhor sobre os projetos. Foto: Carolina Vaz.


Entrevista com Christian Volk


Em entrevista, o professor Christian Volk, que atua na área de Teoria Política na Universidade Humboldt, falou sobre a experiência de conhecer o Museu e o CEASM e assim ver materializadas as lutas dos movimentos sociais com os quais teve contato: “Eu entendi que em muitos momentos o Estado é mais um oponente do que um facilitador. Algo que eu achei particularmente interessante no Museu é ver as lutas cotidianas, como por exemplo a construção das casas sobre palafitas, e também como isso forma uma cultura e uma atitude muito específicas”.


Volk também falou sobre as diferenças dos movimentos sociais do Brasil e Alemanha, principalmente no que se refere à liberdade de manifestação: “Nós temos grupos parecidos, como pessoas lutando por direitos habitacionais, protestos, mobilizações no sentido de que as pessoas querem reconquistar a cidade contra a gentrificação e privatização das comunidades, mas os contextos em que esses protestos acontecem são diferentes. Na Alemanha você pode ser um ativista ferrenho e não ter nenhuma ameaça à vida, essa é uma garantia”. Ele expressou, ainda, que outros pontos que o surpreenderam conversando com os brasileiros onde circulou foram a violência exercida por um povo que em muitas ocasiões é tão acolhedor, e também a pobreza, uma vez que na Alemanha as pessoas podem ser limitadas pelo dinheiro que têm mas essa limitação não ameaça suas vidas, por viverem num Estado de bem-estar social.




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