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Oficina de currículo no CEASM orienta moradoras

Por Carolina Vaz

Oficina foi mediada por estudantes de Psicologia da UFRJ. Foto: Isabel Rodrigues.

O projeto “Maré do Bem Viver: direitos, cuidado e cidadania” realizou no último sábado (21) uma Oficina de Currículo com beneficiárias e beneficiários do projeto. Foram 16 participantes, com idades entre 16 e 50 anos, com diferentes graus de escolaridade e experiências profissionais, mas todos interessados no aprimoramento. A oficina foi uma parceria com o projeto de extensão “Construindo um processo de escolhas mesmo quando o verbo ‘escolher’ não é um verbo disponível”, do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e foi realizada pelas extensionistas Laiz Braga, Elen Gonçalves e Mirian Fonseca.


Currículo: o que precisa e o que não precisa haver


Na oficina falou-se muito sobre o que deve haver no currículo e o que não é necessário, e os presentes deram seus depoimentos pessoais sobre as oportunidades de emprego que já tiveram. Muita gente não sabia, por exemplo, que não era obrigatório informar no currículo o endereço completo, dados como RG e CPF, estado civil, antecedentes criminais e número de filhos, além de apresentar foto. Apesar disso, houve relato de uma moradora sobre já ter sido perguntada, na entrevista, sobre idade dos filhos e quem cuidaria em caso de ficar doente. Para a maioria das mulheres presentes, isso é apenas um recurso usado para descartar a candidata: “Não deveria importar se a gente tem filho”, opinou uma participante. Algumas pessoas também relataram já terem sido descartadas de vagas por informarem que moravam na favela, e muitos reclamaram sobre não ter retorno da vaga, principalmente quando mandam o currículo pela internet.


Outro assunto muito falado também foi sobre comprovar experiência e cursos. Muitas pessoas têm experiência com trabalhos sem ter tido formação para os mesmos e sem ter comprovação em carteira assinada, o que as desestimula a relatar no currículo. Mas as mediadoras explicaram que, mesmo sem comprovação formal, uma experiência pode ser relatada no currículo, assim como um curso pode ser informado; o importante é que seja verdadeiro. Para isso existem campos específicos do currículo nas quais podem ser encaixados esses relatos. Ainda, as mediadoras responderam a uma dúvida frequente: o que colocar no currículo quando a pessoa nunca trabalhou formalmente? Nesse caso, segundo as extensionistas, é importante relatar alguma atividade à qual a pessoa tenha se dedicado por muito tempo, como um esporte, ou trabalhos feitos de forma avulsa: caixa de loja, babá, vendedor, etc. Independente de haver uma comprovação do trabalho, o currículo é um espaço para mostrar o que se sabe fazer.

As mediadoras apresentaram um material com instruções para a formatação do currículo e comportamento em entrevista. Foto: Isabel Rodrigues.

O momento da entrevista


Em outro momento da oficina, elas falaram também sobre entrevista: como se preparar estudando sobre a empresa; como garantir que não chegará atrasado; como responder a perguntas clássicas como “por que você deseja trabalhar aqui?”; e outras dicas de comportamento nesta que costuma ser a última etapa de uma seleção. Por fim, foi organizada uma dinâmica em que cada grupo de participantes precisou criar um candidato fictício e um currículo para o mesmo, e apresentar a todos.


Alexandra Nogueira, de 37 anos, moradora da Vila do João, foi com o marido e filha de colo participar da oficina. Apesar de ela ter conseguido um trabalho recentemente, como auxiliar de lavanderia, levou o marido, desempregado, para que ele possa se aperfeiçoar na busca por um emprego, aprimorando tanto o currículo quanto a conduta numa entrevista. Para ela, também, ficaram ensinamentos para as próximas oportunidades: "Eu aprendi algumas coisas que não são necessárias no currículo. Às vezes a empresa coloca como se fosse obrigatório e na verdade não é, como por exemplo fotos, dados pessoais tipo o CPF. Na próxima vez eu já vou fazer mais preparada".

Mediadoras da oficina com a equipe do Maré do Bem Viver. Foto: Carolina Vaz.

Maré do Bem Viver ajudando na redução de danos do desemprego

Maré do Bem Viver é um projeto do CEASM selecionado na Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais de Enfrentamento à COVID-19 nas Favelas do Rio de Janeiro, lançada no ano passado, e é apoiado pela Fiotec, Fiocruz e Governo Federal. O projeto se propõe a atender 150 famílias da Maré facilitando seus acessos a direitos em áreas como educação, saúde e assistência social. Uma das atividades disponíveis é dos grupos terapêuticos, que acontecem semanalmente e são específicos para as questões de mulheres, de jovens e de crianças.


Segundo a coordenadora Bruna Gabriela Oliveira, psicóloga, a oficina de currículo e entrevista foi identificada como uma necessidade entre as beneficiárias e beneficiários do projeto, muitos deles desempregados, havendo até famílias em que todos os adultos estão desempregados ou em empregos informais. “A gente percebe como um problema quando esse emprego informal paga muito menos do que se a pessoa pudesse ter carteira assinada. Mas muitas vezes esse caminho de chegar aos empregos melhores é um desafio para essas famílias porque elas não sabem formatar um currículo, mexer com informática, mudar um arquivo de Word para PDF, nem vice-versa”, explicou a coordenadora. A oficina, assim, serviu como uma ajuda para que essas pessoas possam ter uma melhor apresentação do potencial que já possuem, passando da primeira etapa de uma seleção.


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