Por Carolina Vaz e Cláudia Rose
Em dezembro de 2020, o Museu da Maré, primeiro museu de favela do Brasil, finalizava sua campanha de arrecadação junto à plataforma Benfeitoria para realizar obras de reforma. Durante grande parte de 2021, as taxas diárias de óbitos e infectados pela Covid-19 eram crescentes, e esse fator, aliado ao atraso da vacinação da população, fez com que se adiasse o início das obras do Museu, em nome da segurança de sua equipe e dos próprios trabalhadores da reforma. Somente agora, outubro de 2021, mostrou-se possível e seguro dar início à atividade, começando pelo chão do pátio.
A conquista do espaço e a arrecadação
Fundado em 2006, o Museu da Maré se manteve sob uma ameaça de despejo durante cinco anos: de 2014 a 2019. Após muita luta, foi conquistada a doação do imóvel onde o Museu funciona e logo surgiu a necessidade de se conseguir recursos financeiros para realizar as obras necessárias em vários espaços, principalmente no galpão onde acontecem as atividades culturais. Em 2020, o projeto “O Museu é Nosso” foi inscrito no edital do BNDES em parceria com a Benfeitoria e foi selecionado, dando início à campanha de financiamento coletivo voltada para a recuperação dos espaços físicos do Museu.
A meta era de atingir, em cerca de 40 dias, o montante de 90 mil reais na doação, sendo que a cada valor doado o BNDES adicionaria o dobro. Com algumas semanas de campanha, o gráfico de desempenho no site estava abaixo das expectativas, e se seguisse no mesmo ritmo não seria possível atingir a meta. Foi realizada uma grande mobilização, com amigas e amigos manifestando seu apoio à campanha, além de uma live no dia 05 de dezembro que reuniu muitos apoiadores e fez decolar a arrecadação. Logo foi alcançada a meta estipulada, e havendo tempo de campanha sobrando, esta foi aumentada para 115 mil reais. No último dia da campanha, 18 de dezembro, o total arrecadado tinha ultrapassado os 116 mil.
O atraso das obras
No ano de 2021, algumas pessoas da equipe do Museu adoeceram, e embora não tenham desenvolvido a forma mais grave do Covid, tornou-se necessário rever a abertura do Museu, inclusive para trabalhos internos de limpeza e manutenção dos acervos.
Atualmente, a obra está sendo iniciada pelo pátio, transformando degraus em rampas para viabilizar a acessibilidade de espaços como a exposição e a biblioteca. Os próximos passos são as trocas de telhas do galpão e do teatro, além da instalação de uma calha na lateral do teatro, e a reforma da calçada na frente do Museu. Neste espaço, além de cimentar e instalar obstáculos para o estacionamento de veículos, o plano é fazer pequenos jardins, valorizando a entrada esteticamente. O tempo da obra depende das condições climáticas, mas a previsão é que em 2022 o Museu já esteja plenamente reformado para o retorno da abertura para público, assim que for seguro.
Construção de rampas é uma das primeiras etapas. Foto: Vanessa Greff.
Galpão de exposição também terá modificações, com troca de telhas. Foto: Flávio Vidaurre.
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